Equilibrando nostalgia, momentos presentes e aspirações futuras

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Eu introduzi a função de blog no meu site com o objetivo de melhorar meu ranking no Google e aumentar o número de acessos. A ideia inicial era enriquecer o conteúdo do site. Aqui, desejo abordar não apenas design e experiência do usuário, mas também a vida, descobertas pessoais, meu crescimento em outro país, a busca por uma vida mais leve e holística, além de temas como nutrição e Ayurveda. Não quero ser rotulada apenas como designer; meu desejo é que este espaço reflita mais quem eu sou.

Outro dia, estava assistindo aos stories de uma amiga que iria se tornar mãe. Ela compartilhava a dificuldade de pausar sua carreira para dedicar tempo à filha que logo chegaria. Inicialmente, ela imaginava que seria fácil, mas conforme o dia da pausa se aproximava, mais ela enfrentava essa dificuldade. Ela começou a questionar quem era ela além de sua identidade profissional.

Isso me fez lembrar de momentos em que passei por situações semelhantes. Desde 2010, trabalho como designer e, desde 2015, trabalho por conta própria. Construí no Brasil a vida dos meus sonhos e a vivi intensamente. Apesar de gratidão por tudo que experimentei, havia um vazio em mim. Às vezes, parecia que não conseguia evoluir além do que já tinha conquistado, apenas repetindo o mesmo ciclo.

Em 2020, um ano pandêmico e desafiador para o mundo todo, eu estava no auge da minha carreira, com uma demanda crescente de clientes devido à transição para o digital. Apesar das dificuldades globais, sou grata por ter vivido em Florianópolis, cercada por amigos queridos e realizando muitos sonhos. Foi um ano de muito trabalho e aprendizado.

No início daquele mesmo ano, manifestei o sonho de viver fora do país. Planejei isso para março de 2020, mas as circunstâncias não permitiram. Inicialmente, isso me frustrou muito, mas hoje vejo que foi um presente ficar onde estava e experimentar o que vivi. Porém, admito que muitas vezes não estava totalmente presente; as vezes, minha mente estava em outro lugar. Já senti muita nostalgia ao olhar fotos daquela época, pois eu demorei para me sentir feliz em Miami, então percebi que estava repetindo o padrão de não viver plenamente o momento presente.

Brené Brown, em seu livro Atlas of the Heart, define nostalgia como um anseio pela forma idealizada e auto protetora como as coisas costumavam ser no passado. Em minha jornada, percebo que, por mais que eu já senti nostalgia eu não vivo no passado, minha maior dificuldade é a ansiedade em relação ao futuro. Por viver assim, muitas vezes deixei de aproveitar o presente plenamente. Ao olhar essas fotos, percebo que algumas vezes não estava verdadeiramente presente, pois estava ansiosa para viver o que vivo hoje, então não faz mais sentido viver querendo algo e sim viver agora.

Hoje, consigo escrever sobre essas experiências porque reconheço onde estava emocionalmente. Após muito trabalho terapêutico, aprendi a reconhecer e aceitar minhas emoções sem que elas me definam. Agora, permito que elas se dissipem.

Vivendo o que sonhei em 2020, precisei fazer escolhas para estar onde estou hoje. Uma delas foi não dedicar cem por cento do meu tempo apenas ao trabalho, como antes. Tive que aprender novas habilidades e voltar à sala de aula. Muitas vezes, sinto-me exausta, cheia de dúvidas e medos. Mas a vida é bela por ser assim e aprendi a não desperdiçar o sofrimento. Quando ele surge, é uma oportunidade de aprender e, finalmente, deixá-lo ir.

Tudo na vida são fases. Entre o passado e o futuro há algo precioso entre eles: o momento presente, onde escolho viver. Portanto, aproveite o dia de hoje, viva, conecte-se consigo mesmo e com sua essência. Celebre o milagre que é a vida, sabendo que todas as fases são passageiras. As escolhas que fiz, os sonhos que realizei, as pessoas que conheci e os novos caminhos que surgiram na minha vida continuam a me ajudar a descobrir quem sou verdadeiramente e a vivenciar essas fases com beleza e gratidão.

Uli Oliveira