Meu desejo de empreender começou logo após minha formatura na faculdade. Como boa capricorniana, tinha clareza do que almejava, mas enfrentava dúvidas sobre como alcançar e se seria bem-sucedida. A síndrome do impostor frequentemente me assombrava, minando minha confiança. No entanto, em 2015, tracei metas e dei o primeiro passo rumo ao empreendedorismo, deixando para trás meu emprego em uma agência.
Determinada, defini meus objetivos financeiros e de clientes, e comecei a construir meu caminho. Cerca de cinco anos depois, havia alcançado estabilidade, superando minhas expectativas de faturamento e conquistando clientes sem precisar de grande divulgação. No entanto, percebi que, apesar do sucesso aparente, me sentia desconectada de mim mesma, imersa em um ciclo de trabalho incessante e sem limites definidos. Buscava constantemente mais clientes, mais dinheiro, mais conhecimento, sem saber ao certo como lidar com tudo isso. O resultado foi quase um esgotamento e a questionamento sobre minha identidade como designer.
Como contei aqui em outro texto, quando me mudei para Florianópolis, comecei a aprender a desacelerar, a me reconectar comigo e com a minha essência. Ainda assim, não estava satisfeita, porque tinha algo que precisava fazer: colocar a minha mochila nas costas e me aventurar em outro país.
Eu estava em crise com a Uli Designer e não sabia se queria ser ela mais. Então, deixei a minha carreira um pouco de lado, optei por atender menos clientes e comecei a me dedicar a outros projetos, estudar coisas diferentes, aprender sobre nutrição, Ayurveda e o mundo holístico, e incorporei o Yoga na minha vida.
Até que um dia, sentada em um café trabalhando com meu fone de ouvido, em um momento de total presença em uma criação de marca, percebi o quanto estava feliz e amando o que estava fazendo. Naquele momento, percebi que não precisava me desfazer da Uli Designer, e sim ressignificar a forma como vinha trabalhando.
Acho que todo mundo que trabalha em home office se dá conta disso, mas muitas vezes não coloca em prática. Falo isso porque já compartilhei essa experiência com muitos amigos que também trabalham assim, e às vezes se queixam das mesmas coisas. Por isso, precisei colocar limites para mim mesma e não me sentir mais culpada por cumpri-los. Vou listar algumas coisas que precisei fazer para ressignificar a forma como trabalhava:
- Não sentir culpa por não responder a um cliente imediatamente após receber um e-mail ou mensagem no WhatsApp.
- Desligar o telefone durante projetos que exigem concentração.
- Aprender a dizer não.
- Respeitar o meu tempo de criação.
- Sair para trabalhar em diferentes cafés. Fiquei muito tempo com preguiça de sair do meu home office, o que me fez sentir solitária e não trocar experiências com mais ninguém. Comecei a me sentir estagnada, sem inspiração, e houve um tempo em que até cogitei voltar a trabalhar em uma empresa para poder me socializar novamente. Este item foi o que mais me inspirou a escrever este texto. Sinto-me muito feliz em poder trabalhar em um lugar aconchegante. Sou apaixonada por café e por comidas simples e deliciosas.
- Colocar como prioridade o exercício físico. Apesar de não ser um problema para mim, pois sempre fui bem ativa, às vezes acabo não movimentando o meu corpo porque tenho muito trabalho a fazer. O ideal é sempre acordar cedo e ir, mas confesso que falho muitas vezes em ir bem cedinho.
- Organização é fundamental, apesar disso nunca ter sido um problema para mim, pois sempre fui bem organizada com o trabalho, o que virou um problema foi a rigidez com a organização. Ainda preciso equilibrar isso.
- Uma das coisas em que venho falhando e estou sentindo ansiedade é acordar e já pegar o celular. Odeio isso. Preciso criar alguma estratégia para que isso não aconteça mais. Se alguém quiser compartilhar dicas comigo, ficarei agradecida.
Essas foram algumas das principais. Claro que no decorrer do dia a dia, algumas coisas não saem como planejamos. É sempre bom fazer pequenas pausas durante o dia, sair de casa para tomar um pouco de sol, ter uma garrafa de água ao lado, e quando a ansiedade bater forte, fazer exercícios de respiração.
Como amo lugares aconchegantes, aqui vão algumas dicas de cafés para trabalhar:
Miami:
Maman: Um café que originalmente veio de NYC, com uma decoração super inspiradora e fofa, comidas deliciosas num estilo de padaria francesa. Está localizado em Wynwood.
Novela Cafe Social Miami: Outro café em Wynwood, rodeado de árvores e flores. A energia natural do lugar é inspiradora, a decoração é vintage e as comidas são deliciosas. A internet lá é super rápida e há bastante espaço e mesas com tomadas.
Ironside Cafe – Organic Mediterranean: Outro café super bonito, com comidas orgânicas, localizado em um lugar cercado pela natureza. Fica perto da Biscayne com a 76th Street.
Love Life Cafe: Também em Wynwood, ele tem uma vibe plat-based/vegano com comidas mais saudáveis, é bem amplo e lindo.
Los Angeles:
Café Gratitude: A primeira vez que estive em Los Angeles, trabalhei em alguns cafés, mas o que mais gostei e me marcou foi o Café Gratitude, localizado na região de Venice Beach. Um lugar plant-based e super inspirador, com várias frases motivacionais espalhadas nas paredes. Simplesmente amei trabalhar lá, em uma tarde de verão californiano.
Ilha Bela, São Paulo – Brasil:
Ponto das Letras: Um café intimista com várias guloseimas variadas, em meio a prateleiras de revistas, jornais e livros, com uma vista linda para o mar, localizado no centro histórico de Ilhabela. Esse lugar me traz muitas lembranças boas pois, quando decidi viver como nômade em Ilha Bela por um mês, morando no sítio Santa Seiva, sentia-me muito feliz e inspirada ao passar horas trabalhando nesse lugar.
Para você que também trabalha em home office e fica com preguiça de sair de casa, super indico sair e explorar lugares novos onde quer que esteja. Confesso que você vai voltar para casa mais inspirado. Atualmente, estou em Miami e se alguém quiser compartilhar lugares para trabalhar por aqui, ficarei muito feliz.